Espada-de-São-Jorge: planta símbolo de proteção tem origem africana
26/04/2025
(Foto: Reprodução) Folhas pontiagudas e resistência fazem da espécie uma das queridinhas nas casas brasileiras. A Dracaena trifasciata é nativa do oeste da África Tropical
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Com folhas longas, verticais e em forma de lança, a espada-de-são-jorge virou presença quase obrigatória nas portas de entrada de muitos lares brasileiros. Mais do que um item decorativo, a planta é cercada por crenças populares que atribuem à ela o poder de proteção espiritual. Mas por trás do misticismo, há uma planta resistente, de origem africana e com propriedades que exigem atenção.
Segundo a botânica Carolina Ferreira, doutora pela USP de Ribeirão Preto, a espada-de-são-jorge tem o nome científico Dracaena trifasciata e pertence à família Asparagaceae, a mesma de espécies como a dracena, a pata-de-elefante e o agave, usado na produção de tequila.
“As folhas dessa espécie são verde escuras com algumas manchas verdes acinzentadas e brancas; são laminares, lanceoladas (em forma de lança), coriáceas e estão dispostas de forma vertical, característica bastante marcante. Além disso, a espada-de-são-jorge forma touceiras e pode atingir até 70 cm”, explica a pesquisadora.
Origem africana
A espada-de-são-jorge tem baixa necessidade de manutenção.
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A Dracaena trifasciata é nativa do oeste da África Tropical, abrangendo regiões que vão desde o sul da Nigéria até a Tanzânia. Sua resistência ajudou na popularização da espécie em diversos continentes, especialmente em ambientes internos.
Cultivo
Um dos grandes motivos para o sucesso da espada-de-são-jorge em jardins é a baixa necessidade de manutenção. O solo escolhido para plantar a espécie deve ser bem drenado e rico em matéria orgânica, enquanto a adubação pode ser realizada anualmente.
“É unânime entre os sites que tratam sobre o cultivo da planta em casa a informação de que a rega da espada-de-são-jorge seja realizada moderadamente, permitindo que o solo seque entre as regas, uma vez que o solo encharcado pode apodrecer as raízes”, explica a botânica.
A planta também deve ficar em locais com luz indireta, já que a exposição direta ao sol pode queimar suas folhas.
Planta tóxica
A planta também deve ficar em locais com luz indireta, já que a exposição direta ao sol pode queimar suas folhas.
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Apesar de registros históricos sobre seu uso na medicina popular, para aliviar dores, tratar gripes e até picadas de serpente, a botânica alerta: a espada-de-são-jorge é classificada como planta tóxica.
“A espécie apresenta substâncias químicas como saponinas, alcaloides e oxalato de cálcio, esses cristais podem causar irritação e até mesmo obstrução da garganta e da glote, além de casos de dermatite. Além disso, quando essas plantas são ingeridas por cães e gatos em grandes quantidades podem causar danos gastrointestinais, lesões hepáticas e renais e até mesmo podendo levá-los a óbito”, afirma Carolina.
Entre o sagrado e o simbólico
A planta também tem forte ligação com religiões de matriz africana.
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Na cultura popular, a espada-de-são-jorge é usada como amuleto contra o mau-olhado, normalmente posicionada perto da entrada das casas. A crença tem relação com a simbologia das folhas pontiagudas, associadas à espada do Santo Guerreiro da Capadócia, que, segundo a tradição cristã, venceu um dragão com sua espada.
A planta também tem forte ligação com religiões de matriz africana, simbolizando a espada ou lança de Ogum, orixá da força, guerra e coragem.
Tradição que ajuda na preservação
Na visão da especialista, o apelo simbólico da planta contribui para sua conservação. “Com o cultivo e uso para fins ornamentais a planta está sempre sendo valorizada. No entanto é necessário que as informações, principalmente no que se diz respeito ao uso medicinal e o risco à saúde de animais domésticos sejam sempre repassados e frisados pelos meios de comunicação”, conclui.
*Texto sob supervisão de Lizzy Arruda
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